Guia: escolhendo ervas e temperaturas para vaporizar

Escolher a erva correta na hora de utilizar um vaporizador é extremamente importante quando citamos o mecanismo de aquecimento destes objetos tecnológicos e modernos. No entanto, este guia discute muitas questões úteis em torno da cannabis, enfatizando os canabinoides, terpenoides e flavonoides.

Cada maconha possui um perfil de cada uma dessas substâncias químicas citadas e isso interage diretamente com os efeitos provenientes de cada cepa. Dessa forma, para os usuários que prezam por uma experiência com cannabis através da vaporização, esta é a melhor forma de definir um caminho.

Continue acompanhando o artigo para saber mais sobre terpenoides, flavonoides, canabinoides, derivados da resina da cannabis, como o haxixe e o crumble, além dos diferentes efeitos causados por diferentes temperaturas durante a vaporização.

A variedade de maconha e seus componentes

A maconha pode possuir alguns sabores, aromas e efeitos diferentes, no entanto, isso está diretamente ligado com seus componentes primários, secundários e terciários. Dividirei dessa forma para um melhor entendimento.

Componentes primários: canabinoides

Os canabinoides são um dos componentes mais abundantes em toda a cannabis, com isso, diversos estudos são feitos para saber cada vez mais sobre em torno dos seus efeitos psicoativos, terapêuticos e anti-inflamatórios. Sobretudo, são constantemente resumidos por THC e CBD, no entanto, o assunto pode se estender, principalmente quando estamos falando em utilizar cannabis com o vaporizador de ervas 🔗.

Durante uma sessão de vaporização, os canabinoides mais comuns inalados são:

• THCA: também chamado de ácido tetrahidrocanabinólico, o THCA é um canabinoide muito presente em cannabis. Não é psicoativo e pode ser encontrado em caules, folhas e flores das plantas de maconha. O aquecimento pode convertê-lo em delta-9-tetrahidrocanabinol ou THC, o canabinoide mais famoso pelos efeitos psicoativos da maconha. O THCA é a forma anterior do THC.

• CBDA: o ácido canabinolico, assim como o THCA é a forma anterior do THC. Também conhecido como ácido canabidiólico, é a forma anterior e ácida do canabidiol. Investiga-se sua ação no combate a inflamações e náuseas, além de um possível efeito inibidor do crescimento de células cancerígenas.

• THC: tetrahidrocanabinol é o componente psicoativo da maconha, ao modificar a atividade cerebral e faz com que ela tenha alucinações, delírios, diminua a percepção de espaço e tempo, além de provocar acessos à ira e/ou pânico. Além disso, possui potencial para influenciar processos neuroquímicos relevantes para doenças neurodegenerativas, principalmente por terem funções neuroprotetoras, neuro antioxidante e neuro anti-inflamatórias.

• CBD: o canabidiol é um dos mais de 80 produtos químicos denominados canabinoides, e o CBD é um dos principais contidos na planta, atuando como calmante não-psicoativo, o canabidiol pode atuar em diversas áreas do corpo, ajudando em processos terapêuticos. Assim como o THC, o CBD possui funções neuroprotetoras, neuro antioxidante e neuro anti-inflamatórias.

• Delta-8-THC: o delta-8-THC é um canabinoide presente na cannabis, menos potente em termos de efeitos psicoativos se comparado ao delta-9-THC. Estudos iniciais indicam propriedades antieméticas, analgésicas e estimulantes do apetite. Como o CBD, interage com o sistema endocanabinoide, sendo explorado por seus potenciais benefícios à saúde.

Componentes secundários: terpenoides

Os terpenos são os componentes da cannabis responsáveis pelo aroma doce, terroso, pungente, etc. trazidos pela maconha. No entanto, algo ainda mais interessante sobre estes componentes são que, eles possuem a chance de interagir diretamente com os canabinoides presentes na planta, a fim de causar efeitos diferentes se forem combinados de formas específicas.

Veja quais são alguns dos terpenos mais comuns e suas propriedades:

• β-Caryophyllene: conhecido por seu aroma picante e terroso, o β-cariofileno também interage com os receptores de canabinoides no corpo, especialmente com o CB2. O terpeno β-cariofileno é um composto presente em diversas plantas, incluindo a cannabis. Sua presença em plantas medicinais o torna um alvo de interesse para pesquisa. Estudos sugerem propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e potencialmente ansiolíticas.

• α-Pinene: conhecido pelo aroma fresco de pinheiro, o α-pinene possui propriedades potenciais de alívio respiratório e anti-inflamatórias. Além disso, tem sido estudado por seus efeitos sobre a memória e o foco, sugerindo propriedades nootrópicas. O α-pineno é um terpeno encontrado em várias plantas, incluindo cannabis, pinheiros e alecrim. A presença do α-pinene em plantas medicinais destaca seu papel em pesquisas que exploram benefícios terapêuticos.

• β-Myrcene: o β-mirceno é um terpeno presente na cannabis, conhecido por seu aroma herbal e propriedades relaxantes. Associado ao “efeito sofá”, sugere-se que tenha potencial analgésico e anti-inflamatório. Mais pesquisas são necessárias para compreender completamente seus efeitos e aplicações terapêuticas.

• Cineole: O cineole, ou eucaliptol, é um terpeno presente em plantas como alecrim e eucalipto, conhecido pelo aroma fresco e mentolado. Com propriedades expectorantes, estudos sugerem efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, destacando seu potencial terapêutico.

• Limonene: o limoneno é um terpeno com aroma cítrico encontrado em plantas como limões e cannabis. Associado a propriedades ansiolíticas, antidepressivas e potencial anti-inflamatório, o limoneno é objeto de pesquisa para benefícios à saúde.

Componentes terciários: flavonoides

Os flavonoides são compostos encontrados na cannabis e em outras plantas, oferecendo benefícios como propriedades antioxidantes. Assim como os terpenos, eles podem interagir sinergicamente com os canabinoides, influenciando os efeitos terapêuticos da cannabis. Os flavonoides não apenas contribuem para as cores vibrantes das plantas, mas também desempenham um papel crucial na saúde humana, com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.

• Apigenin: o apigenin, encontrado em plantas como a camomila, destaca-se por suas propriedades anti-inflamatórias e ansiolíticas. Comumente utilizado em remédios naturais, esse flavonoide tem potencial terapêutico para promover o bem-estar físico e mental, sendo estudado por seus efeitos positivos no sistema nervoso.

• Cannflavin-A: o cannflavin A, exclusivo da cannabis, não só oferece propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, mas também demonstra um papel crucial no alívio da dor. Suas características únicas tornam este flavonoide um foco de pesquisa promissor para desenvolvimento de novos tratamentos e medicamentos que visam a gestão da dor de forma mais eficaz.

• Quercetin: o quercetina, abundante em frutas e vegetais, é conhecido por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Além disso, estudos indicam que este flavonoide pode desempenhar um papel na prevenção de doenças crônicas, como doenças cardíacas e diabete, reforçando sua importância como componente benéfico para a saúde. A presença do quercetina em uma dieta equilibrada é valorizada por seus potenciais impactos positivos.

Cepas de cannabis comuns

Na hora de vaporizar, o bom e velho “prensado” pode ser uma opção viável e comum para a maioria dos brasileiros, no entanto, ao que se deve por parte dos efeitos, muitos fatores podem influenciar, como a quantidade de resina presente na folha.

Partindo do significado de “prensado”, temos: 1. Apertar ou comprimir na prensa. 2. [Por extensão] Comprimir fortemente por qualquer modo que seja.

O preço acessível e o fácil acesso à compra fazem deste produto de baixa qualidade o mais viável para entusiastas do Brasil e outras partes do mundo onde a cannabis não é legalizada. Contudo, é possível utilizar essa variante da maconha sem problemas, considerando que sua umidade é baixa, seu sabor não é doce e, com isso, os terpenos, flavonoides e canabinoides que citamos são apresentados em menor escala.

Triturar muito o prensado na hora de colocar no vaporizador pode ser um problema, principalmente para os que funcionam através da convecção térmica, no qual sopram ar quente sob a planta, fazendo com que a temperatura seja compartilhada.

O real problema de triturar suas ervas muito finas é o seu risco de entrar onde não devem, seja ultrapassando o filtro ou até mesmo caindo no sistema de aquecimento do vaporizador. Tome muito cuidado com estes passos.

Cepas de cannabis tradicionais

Com a ajuda do site leafly.com 🔗 podemos explorar melhor o que seria uma das cepas ou strains mais premiadas do gênero. Diferente da cannabis prensada, aqui podemos saber a procedência, efeitos esperados, componentes presentes como, terpenoides, canabinoides e flavonoides.

Como observamos na strain Do-Si-Dos, há terpenos e flavonoides presentes dos quais são: Limonene, Caryophyllene e Linalool. Seus respectivos sabores e aromas englobam perfis cítricos, apimentados e florais.

Além disso, com ajuda deste site, observamos também sua genética completa, composta por quatro outras cepas.

Apesar da cannabis tradicional não ser acessível a grande parte do público, quem faz tratamentos a partir das propriedades ativas da planta pode ser acesso no Brasil. Entretanto, essa cannabis possui mais canabinoides, terpenoides e flavonoides presentes em sua matéria vegetal. Com isso, é a partir dessas propriedades abundantes que podem surgir os concentrados derivados da maconha.

Utilizando flores como as apresentadas aqui, você pode obter todo o benefício presente nelas de maneira preservada por um vaporizador.

Extratos de cannabis comuns

Alguns extratos comuns são muito reconhecidos no cenário brasileiro, onde o haxixe seco ou dry hash ganha destaque como mais vendido. Como seu método de produção é simples, algumas pessoas costumam fazê-lo em casa.

Basicamente, o extrato haxixe é a união da resina da planta e, convencionalmente, é retirada das folhas com a mão ou alguma ferramenta pouco mais complexa.

A seguir, você pode acompanhar um vídeo de 2 minutos sobre o processo de fabricação do dry hash

Em tese, a matéria vegetal é conservada em um local frio, num recipiente, depois, é colocada sob uma rede fina da qual solta cada parte da sua resina. De forma fácil, esse processo acontece por que a resina se encontra quebradiça devido a sua temperatura.

Após esfregar as folhas na rede, a erva é colocada em um saco de pano junto ao gelo seco. Agora, um processo que chacoalha essa sacola é continuamente feito até que o recipiente com a rede fina colete um “tapete” do que chamamos de kief. Por fim, todo o kief é colocado em uma prensa e transformado em um tablete de resina pura.

Para vaporizar esse tipo de extrato, normalmente usamos um vaporizador em potência máxima (210 - 220 °C). Se tudo der certo, você poderá ver o extrato borbulhar na câmara de enchimento.

Concentrados de cannabis tradicionais

Os concentrados/extratos fabricados vêm da cannabis, mas, nem todos sabem que, há uma diferença não tão clara entre extratos e concentrados 🔗. Você pode notar sua textura, seu sabor e seu efeito, mas, o segredo de cada receita está na preservação da pureza de cada componente.

Dito isso, observe a próxima imagem, onde contém alguns concentrados feitos com ajuda de solventes

Pull ‘n’ Snap é um concentrado de cannabis criado usando um solvente químico como butano ou propano em um sistema de circuito fechado para extrair canabinóides e terpenos. Após a extração, o produto concentrado é desparafinado para eliminar quaisquer lipídios remanescentes, gerando sua consistência semelhante a um caramelo.

Budder é bem conhecido por seu alto teor de terpenos, consistência suave e alta potência. Seu nome deve-se à sua aparência macia e amanteigada de massa de bolo; este concentrado pode variar entre consistência seca e úmida dependendo do material de partida utilizado.

Dessa forma, como pudemos observar, os concentrados parecem mais cremosos, claros e doces do que os extratos, e isso se deve ao seu método de produção, seja usando butano, propano, álcool ou água (por mais que não seja considerado solvente). Certamente, ao vaporizar algo dessa qualidade, você terá mais vapor durante as sessões.

Temperaturas ideais para vaporizar 🌡️

Para finalizar este artigo com chave de ouro, trouxemos algumas das que seriam as melhores temperaturas para vaporizar um prensado ou flor, além dos extratos e concentrados de cannabis. Você pode encontrar diferentes efeitos, sabores e aromas durante uma sessão alternando as temperaturas.

É importante deixar claro que, nem todos os vaporizadores de ervas possuem um ajuste de temperatura perfeito. A maioria possui um preço médio acima de 600 reais, então, você deve prezar por custo-benefício durante a escolha.

Temperatura ideal para canabinoides

Começando com o componente de maior importância, os canabinoides. Eles podem ser encontrados em diversas temperaturas, onde, levamos como referência o site zamnesia 🔗 para nos situar melhor no gráfico:

Temperatura ideal para terpenos

Como tomamos nota neste artigo, os terpenos têm um papel fundamental durante a vaporização/ingestão da cannabis, onde, havendo diferentes combinações entre eles e os canabinoides, é capaz de modular sensações e diferentes intensidades, veja:

Temperatura ideal para flavonoides

Os flavonoides desempenham um papel essencial durante a vaporização ou ingestão da cannabis, interagindo sinergicamente com terpenos e canabinoides para modular sensações e intensidades. Esta interação complexa contribui para uma experiência única, destacando a diversidade de benefícios terapêuticos associados ao consumo da planta.